sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Violas Cariocas!!!


Amigos, tudo bom?


Com prazer que declaro que fui convidado a escrever uma coluna sobre viola e música caipira no portal Cronicas Cariocas! Um site inteligente, sóbrio e com uma proposta cultural envolvente.

Já há uma semana eu abri uma coluna de crônicas por lá, voltada para meu trabalho humorístico e crítico, que você pode conferir aqui

Mas a novidade de hoje, voltada para nosso projeto, é a coluna de música regional! A coluna atende pelo nome de VIOLAS CARIOCAS!!!! Escrita pelo violeiro Gustavo Alvaro, que atende como eu.

gostaria que os amigos apreciassem a coluna. segue...

Violas Cariocas


Obrigado! E vamos tocando!!!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Samba, misterioso samba!

Já disse certa vez, não sei de onde nem quando, que a música se manifesta em nós das maneiras mais surpreendentemente possíveis no dia a dia: por brincadeira, sentimento, arte, etc.
Minhas férias de infância, não só as minhas como as de Gustavo Alvaro, foram sempre passadas na Ilha de Paquetá. Lugar do Rio de Janeiro que guardo numa gaveta especial da minha memória. Caminhadas com meu primo, sozinhos, ainda moleques, pescarias na Ponte da Saudade, finais de tarde no Mirante... Tempos bons.
Samba para mim e, creio que também, para ele, é uma coisa que esteve sempre aqui na lembrança, num lugar desconhecido da memória. Criados no morro, impossível em algum momento da infância não termos ouvido Alcione – e me lembro que a “marrom” era muito ouvida pela minha tia, sua mãe –, Roberto Ribeiro, Agepê, Originais do Samba, Zeca Pagodinho, Dicró e me lembro bem da nossa avó paterna ouvir muito, mais muito mesmo, Benito di Paula. E assim crescemos, estudamos música, ora por brincadeira, ora sério, mas, vai lá, estudamos e estudamos ainda, seja como entusiastas ou falsários. Fico para mim com o falsário – a flauta transversa anda muda aqui no meu apartamento em Aracaju!
Mas vamos ao samba, ao misterioso samba!
Chegou quente dia desse aqui para mim, o excelente “O Samba Informal de Mauro Duarte”, cd duplo, lançado em 2008 pela gravadora Deckdisc. Conduzidas de maneira magistral pelo ótimo Samba de Fato e a cantora Cristina Buarque – que vi moleque e, também, adulto em vários sábados de roda de samba em Paquetá, naquele bar pertinho da Biblioteca Pública que fica no casarão Solar D’El Rei. O tempo longínquo não me ajuda com o nome do bar, que inclusive tomei muito picolé Kibon com meu tio Expedito e o próprio Gustavo.
São 30 sambas maravilhosos do grande Mauro Duarte, um dos grandes sambistas cariocas (nascido, na verdade, em Minas Gerais), cujas melodias impecáveis fizeram muito sucesso, por exemplo, na voz de Clara Nunes e ainda hoje embalam rodas de samba no Rio de Janeiro.
Falecido em 1989, Mauro Duarte, deixou um legado musical que merece destaque, tal que o disco gravado por Cristina Buarque e o pessoal do Samba de Fato (Pedro Miranda, Pedro Amorim, Alfredo Del-Penho e Paulino Dias) demonstra isso muito bem.
Da primeira faixa do cd 1 até a última do cd 2 o que se ouve é samba de qualidade, gravações perfeitas, equilibradas, ritmistas certeiros, cavaquinho e violões que exalam: samba! Meu Deus e que samba!
Projeto, no meu ponto de vista, audacioso, primeiro por se tratar de um cd duplo, o que, de certa forma, encarece o produto e em tempos de pirataria, preço alto assusta. Mas, vale cada centavo, meus caros! Vale pelo encarte bem feito, pelas letras impressas e ainda, o certeiro trabalho de explicar as composições de Mauro, o famoso Bolacha.
Em segundo lugar, a audácia está no minucioso trabalho de pesquisa. Na verdade, substituo audácia por talento.
O cd tem esse caráter que adoro de pesquisa musical, de resgate. São sambas do compositor (com parceiros) garimpados de cadernos de anotações, da memória de gente como Walter Alfaiate, Paulo Cesar Pinheiro, que inclusive finaliza várias letras que estavam incompletas. Enfim, um trabalho de História Oral maravilhoso!
A voz da sambista Cristina Buarque, sua ginga, dão um tempero bem dosado, os vocais do pessoal do Samba de Fato, ora solando, ora em coro e sempre tocando todos os instrumentos faz desse disco, para mim, algo indispensável na prateleira de qualquer amante do bom e sempre jovem velho samba!
A participação de Paulo César Pinheiro, não só assinando as letras das composições incompletas, como com a voz em duas canções (Sublime Primavera e Samba de Botequim) dá um toque a mais na bolacha prateada.
Ou seja, não dá para não ter, tem sim que meter a mão no bolso e comprar e não reclama muito não, pois no Rio de Janeiro, pelo menos, você poderá ouvir e depois correr para Lapa para tomar um bom chopp gelado. Esse aqui, pagou a mais por conta do frete e depois de ouvi-lo por volta da uma da madrugada não tinha nenhum bar aberto em Aracaju para me satisfazer a vontade! Então, parabéns!
Vou ficando por aqui e caso você queira saber mais sobre o trabalho, acesse www.deckdisc.com/mauroduarte. No encarte do cd há várias informações que você terá se adquirir o trabalho, pois esse daqui, não vai soltar por nada!

Abração

domingo, 9 de agosto de 2009

Redemoinho - Paulo Freire


Se tem um CD de viola que realmente me fascina e costuma não sair do meu tocador é o Redemoinho, do ano de 2007, do violeiro Paulo Freire. Dentre as toneladas de musica regional que ouço, ora por prazer, ora por dever de estudante de viola, esse disco do Paulo Freire realmente rasga a posição dos melhores, entre os concertistas de viola que tanto admiro.

Eu ganhei esse álbum de meu primo-irmão Bruno Alvaro, na ocasião do meu aniversário, deste mesmo ano corrente. Ainda no Rio, Bruno me perguntou se tinha algum álbum em especial que eu queria de aniversário. Redemoinho! Já andava namorando este disco na loja Arlequim da praça XV, aqui no centro, e o presente realmente é daqueles atemporais. O negócio é muito bom.

Por fim, nesta singela madrugada insone, catei o Redemoinho da estante e larguei a tocar. O disco já começa de uma forma fantástica. A primeira faixa, Fieira, acredito que minha favorita, sempre me faz lembrar Bruno, quando que, aos quarenta e três segundos de música, a viola cede espaço para a flauta transversa, a danada que pegou de jeito meu primo. Boas lembranças, em tempo de distâncias tão quilométricas. E vamos voltar pro disco. Depois que a flauta entra, a música fica de uma beleza incomparável, onde a violinha fantástica do Freire bate o chão muito bem e deixa bonito pra flauta. E ainda vai rolar um saxofone pra lá do meio do disco. É sério, vocês têm que ouvir.

E passa a faixa, entra a belíssima “Na tábua da beirada”, que começa com uma percussão que deixa o camarada numa expectativa que vale muito a pena porque, aos dezoito segundos de batucada, a viola do Freire entra com um violoncelo terrivelmente bem tocado, num arranjo grave que te joga no ar, e vai dialogando com a viola de uma forma original e bela. Uma música que não só te carrega, mas te absorve. E vamos tocando...

Passa a faixa, qual não é a surpresa do ouvinte quando o saxofone, de um toque doloroso e denso, toca no tímpano? Esta faixa, “Violice” traz a viola muito bem acompanhada do saxofone (olha ele aí!). De uma primazia incomparável. Cada faixa sozinha, já vale o dobro do valor do disco.

Mas tem mais, rapaziada. A gente ainda encontra mais surpresas durante, nas faixas em que a viola domina, como a bacaníssima “Gutão”, com um toque de viola carregado e bem ponteado. Coisa de gente boa mesmo. Coisa de Paulo Freire. E não se assuste com o turbilhão(redemoinho?) de sensações que provoca a faixa título, “Redemoinho”. Essa deixa a violinha e o violoncelo num transe que arrasta o ouvinte, vai por mim, vai por mim.

Por fim, pra não me alongar muito, não podia faltar a voz de Paulo Freire, pra fechar o disco, contando causo e tocando viola, na faixa derradeira “Tire-me daqui”. Chave de ouro, amigo, chave de ouro. E presta atenção que essa faixa vai falar contigo. E como diz o próprio Paulo Freire, vai ouvindo, vai ouvindo...

O amigo pode adquirir o cd através do site do violeiro: http://www.paulofreire.com.br/ . E é bom até pra conhecer mais sobre a vida e a obra desse camarada que tem um trabalho muito bonito, ao transportar a viola da mata pra sala de concerto, ainda sem descaracterizá-la, respeitando a violinha e a cultura que ela carrega. Vale a pena, vale a compra. Vai por mim.

Gustavo Alvaro.