Carioca é bairrista, não há dúvidas quanto a isso. Da Zona Sul à Zona Norte. Da Baixada Fluminense à Região Serrana: o carioca é bairrista. Pode até, estando longe de casa, das praias, do Maracanã, do trem, da quadra de samba, do arrastão, das balas perdidas, dos morros e das mulatas, considerar bom o lugar em que vive, mesmo não sendo o seu amado Rio de Janeiro. Pode até achar boa a comida, bonita as mulheres, simpática as pessoas, mas, sem discussões, ele continua bairrista – não perde a identidade. Carioca que é carioca pode até perder o x do sotaque, mas quando liga para o Rio, quando volta ao estado, carrega na voz o chiado.
Lançado originalmente em 1995, numa tiragem mínima, Vitória da Ilusão, do carioquíssimo Moacyr Luz, talvez, um dos melhores sambistas vivos do Brasil, deveria, na minha opinião, ser chamado de “cartilha para cariocas longe de casa”. Relançado em 2006, pela Dabliú Discos (http://www.dabliudiscos.mpbnet.com.br/) este trabalho marca a excelente parceria com o ás da poesia/ crônica do cotidiano carioca, Aldir Blanc (nome que ao lado de João Bosco fez escola na música boa brasileira).
Por que “cartilha para cariocas longe de casa”? Simples! Por dois pontos: nesse disco há um equilíbrio enorme entre o tal bairrismo carioca a que me referi e as coisas do Brasil. Sim, isso mesmo! Aldir Blanc como letrista tem esse “quê a mais”: consegue equilibrar temas típicos do cotidiano do Rio de Janeiro com assuntos de interesse natural do país – veja Itajara, que abre o disco, com os impecáveis versos ácidos de Aldir Blanc: Todo mundo afana:/ Da gang do Escadinha ao seu bacana/ Só que a falange vermelha/ Ao menos governa em cana, que remetem ao famoso bandido carioca Escadinha, um dos fundadores da Falange Vermelha que viria mais tarde se transformar no Comando Vermelho (CV). No entanto, a letra toda remete à corrupção na política nacional. Afinal, o samba, como expressão musical e intelectual, não tem fronteiras.
Em segundo lugar, traz à tona uma pintura certeira do Rio de Janeiro, sem meias palavras, basta ouvir a belíssima Saudades da Guanabara – uma das mais belas letras de Aldir Blanc – que fecha o álbum e sacraliza o tal bairrismo com os versos: Brasil, tua cara ainda é o Rio de Janeiro/ Três por quatro da foto e o teu corpo inteiro. Ou mesmo a letra de Centro do coração. Todas pinturas do Rio de Janeiro. Bairrista isso? Claro! Mas perdoável, muito perdoável – já que desenhos!
Cartilha. Manual para todo carioca. Mapa do Rio para os visitantes, não pelo samba, pois não será ele quem te guiará pela Penha, Uruguaiana, 7 de Setembro e aí é que tá o trunfo e o talento de músico, compositor e interprete de Moacyr Luz: você será guiado pela musicalidade.
Recheado de vários ritmos, eu não ousaria dizer que Vitória da Ilusão podería ser chamado de um disco apenas de sambas, só porque seu interpréte e compositor é um grande sambista. É um trabalho de esmero artístico, melodias bem feitas, harmonias elaboradas, um samba aqui, um samba acolá, sem dúvidas, mas isso tudo não está só a serviço do bom e velho ritmo dos morros cariocas. Está a serviço da música.
Com participações de Beth Carvalho, Cristina Buarque e integrantes das Pastoras da Portela, o disco é uma bolacha – eita termo que me dá saudade – saborosa!
Destaco, aos cariocas de plantão em terras distantes as músicas: A já comentada Centro do coração, parceria de Moacyr Luz com Aldir Blanc e Vítor Martins; Só dói quando eu rio; Flores em vida (Pra Nelson Sargento); Mico preto e Paris: de Santos Dumont aos travestis, todas essas em parceria com Aldir Blanc. Claro, não deixe de ouvir e recitar feito oração a maravilhosa Saudades da Guanabara, parceria do sambista com Aldir Blanc e Paulo César Pinheiro que, inclusive, deixo para degustação em vídeo retirado do Youtube.
Na verdade, meus camaradas, listar os destaques aqui é pura perda de tempo, taí um trabalho impecável do início ao fim, fica agora a dúvida do motivo dele ser pouco executado nas rádios apesar de alguma das canções desse disco serem bem conhecidas nas vozes de inúmeros intérpretes, já que se trata de um apanhado de quase dez anos de parceria entre Moacyr e Aldir.
Moacyr Luz, fez nesse Vitória da Ilusão a vitória da boa melodia, da boa letra e da boa harmonia! Trouxe luz para a música brasileira e acredite, depois de ouvir, você verá que o que leu aqui, não era ilusão!
Lançado originalmente em 1995, numa tiragem mínima, Vitória da Ilusão, do carioquíssimo Moacyr Luz, talvez, um dos melhores sambistas vivos do Brasil, deveria, na minha opinião, ser chamado de “cartilha para cariocas longe de casa”. Relançado em 2006, pela Dabliú Discos (http://www.dabliudiscos.mpbnet.com.br/) este trabalho marca a excelente parceria com o ás da poesia/ crônica do cotidiano carioca, Aldir Blanc (nome que ao lado de João Bosco fez escola na música boa brasileira).
Por que “cartilha para cariocas longe de casa”? Simples! Por dois pontos: nesse disco há um equilíbrio enorme entre o tal bairrismo carioca a que me referi e as coisas do Brasil. Sim, isso mesmo! Aldir Blanc como letrista tem esse “quê a mais”: consegue equilibrar temas típicos do cotidiano do Rio de Janeiro com assuntos de interesse natural do país – veja Itajara, que abre o disco, com os impecáveis versos ácidos de Aldir Blanc: Todo mundo afana:/ Da gang do Escadinha ao seu bacana/ Só que a falange vermelha/ Ao menos governa em cana, que remetem ao famoso bandido carioca Escadinha, um dos fundadores da Falange Vermelha que viria mais tarde se transformar no Comando Vermelho (CV). No entanto, a letra toda remete à corrupção na política nacional. Afinal, o samba, como expressão musical e intelectual, não tem fronteiras.
Em segundo lugar, traz à tona uma pintura certeira do Rio de Janeiro, sem meias palavras, basta ouvir a belíssima Saudades da Guanabara – uma das mais belas letras de Aldir Blanc – que fecha o álbum e sacraliza o tal bairrismo com os versos: Brasil, tua cara ainda é o Rio de Janeiro/ Três por quatro da foto e o teu corpo inteiro. Ou mesmo a letra de Centro do coração. Todas pinturas do Rio de Janeiro. Bairrista isso? Claro! Mas perdoável, muito perdoável – já que desenhos!
Cartilha. Manual para todo carioca. Mapa do Rio para os visitantes, não pelo samba, pois não será ele quem te guiará pela Penha, Uruguaiana, 7 de Setembro e aí é que tá o trunfo e o talento de músico, compositor e interprete de Moacyr Luz: você será guiado pela musicalidade.
Recheado de vários ritmos, eu não ousaria dizer que Vitória da Ilusão podería ser chamado de um disco apenas de sambas, só porque seu interpréte e compositor é um grande sambista. É um trabalho de esmero artístico, melodias bem feitas, harmonias elaboradas, um samba aqui, um samba acolá, sem dúvidas, mas isso tudo não está só a serviço do bom e velho ritmo dos morros cariocas. Está a serviço da música.
Com participações de Beth Carvalho, Cristina Buarque e integrantes das Pastoras da Portela, o disco é uma bolacha – eita termo que me dá saudade – saborosa!
Destaco, aos cariocas de plantão em terras distantes as músicas: A já comentada Centro do coração, parceria de Moacyr Luz com Aldir Blanc e Vítor Martins; Só dói quando eu rio; Flores em vida (Pra Nelson Sargento); Mico preto e Paris: de Santos Dumont aos travestis, todas essas em parceria com Aldir Blanc. Claro, não deixe de ouvir e recitar feito oração a maravilhosa Saudades da Guanabara, parceria do sambista com Aldir Blanc e Paulo César Pinheiro que, inclusive, deixo para degustação em vídeo retirado do Youtube.
Na verdade, meus camaradas, listar os destaques aqui é pura perda de tempo, taí um trabalho impecável do início ao fim, fica agora a dúvida do motivo dele ser pouco executado nas rádios apesar de alguma das canções desse disco serem bem conhecidas nas vozes de inúmeros intérpretes, já que se trata de um apanhado de quase dez anos de parceria entre Moacyr e Aldir.
Moacyr Luz, fez nesse Vitória da Ilusão a vitória da boa melodia, da boa letra e da boa harmonia! Trouxe luz para a música brasileira e acredite, depois de ouvir, você verá que o que leu aqui, não era ilusão!
Para adquirir o cd e concordar comigo ou não: http://www.submarino.com.br/produto/2/1682156/cd+vitoria+da+ilusao
Um comentário:
Olá Gustavo!
Eu e o João Pedro Roriz estamos organizando o Sarau Um Castelo de Palavras, que ocorrerá no dia 09 de outubro no teatro da Universidade Castelo Branco, em Realengo.
Ele me repassou o e-mail que você enviou e ficamos interessados em saber se você aceita mostrar o seu trabalho tocando viola caipira.
O projeto visa incentivar os artistas e agitar a cena cultural da zona oeste, que anda meio em baixa...
Se você estiver interessado, entre em contato comigo pelo e-mail robson_sribeiro@oi.com.br.
Grande Abraço!
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