Se tem um CD de viola que realmente me fascina e costuma não sair do meu tocador é o Redemoinho, do ano de 2007, do violeiro Paulo Freire. Dentre as toneladas de musica regional que ouço, ora por prazer, ora por dever de estudante de viola, esse disco do Paulo Freire realmente rasga a posição dos melhores, entre os concertistas de viola que tanto admiro.
Eu ganhei esse álbum de meu primo-irmão Bruno Alvaro, na ocasião do meu aniversário, deste mesmo ano corrente. Ainda no Rio, Bruno me perguntou se tinha algum álbum em especial que eu queria de aniversário. Redemoinho! Já andava namorando este disco na loja Arlequim da praça XV, aqui no centro, e o presente realmente é daqueles atemporais. O negócio é muito bom.
Por fim, nesta singela madrugada insone, catei o Redemoinho da estante e larguei a tocar. O disco já começa de uma forma fantástica. A primeira faixa, Fieira, acredito que minha favorita, sempre me faz lembrar Bruno, quando que, aos quarenta e três segundos de música, a viola cede espaço para a flauta transversa, a danada que pegou de jeito meu primo. Boas lembranças, em tempo de distâncias tão quilométricas. E vamos voltar pro disco. Depois que a flauta entra, a música fica de uma beleza incomparável, onde a violinha fantástica do Freire bate o chão muito bem e deixa bonito pra flauta. E ainda vai rolar um saxofone pra lá do meio do disco. É sério, vocês têm que ouvir.
E passa a faixa, entra a belíssima “Na tábua da beirada”, que começa com uma percussão que deixa o camarada numa expectativa que vale muito a pena porque, aos dezoito segundos de batucada, a viola do Freire entra com um violoncelo terrivelmente bem tocado, num arranjo grave que te joga no ar, e vai dialogando com a viola de uma forma original e bela. Uma música que não só te carrega, mas te absorve. E vamos tocando...
Passa a faixa, qual não é a surpresa do ouvinte quando o saxofone, de um toque doloroso e denso, toca no tímpano? Esta faixa, “Violice” traz a viola muito bem acompanhada do saxofone (olha ele aí!). De uma primazia incomparável. Cada faixa sozinha, já vale o dobro do valor do disco.
Mas tem mais, rapaziada. A gente ainda encontra mais surpresas durante, nas faixas em que a viola domina, como a bacaníssima “Gutão”, com um toque de viola carregado e bem ponteado. Coisa de gente boa mesmo. Coisa de Paulo Freire. E não se assuste com o turbilhão(redemoinho?) de sensações que provoca a faixa título, “Redemoinho”. Essa deixa a violinha e o violoncelo num transe que arrasta o ouvinte, vai por mim, vai por mim.
Por fim, pra não me alongar muito, não podia faltar a voz de Paulo Freire, pra fechar o disco, contando causo e tocando viola, na faixa derradeira “Tire-me daqui”. Chave de ouro, amigo, chave de ouro. E presta atenção que essa faixa vai falar contigo. E como diz o próprio Paulo Freire, vai ouvindo, vai ouvindo...
O amigo pode adquirir o cd através do site do violeiro: http://www.paulofreire.com.br/ . E é bom até pra conhecer mais sobre a vida e a obra desse camarada que tem um trabalho muito bonito, ao transportar a viola da mata pra sala de concerto, ainda sem descaracterizá-la, respeitando a violinha e a cultura que ela carrega. Vale a pena, vale a compra. Vai por mim.
Gustavo Alvaro.
Um comentário:
Sem dúvida meu caro, esse cd é maravilhoso! Foi um ótimo presente dado e bons presentes dados são alegrias recebidas para quem presentea! Sugiro na próxima resenha (é um pedido de leitor, não de parceiro no Retropleco) falar sobre aquele ótimo DVD, se não me engano, "Violeiros do Brasil" outro título que merece destaque aqui no site e, claro, indispesável aos amantes da boa música caipira!
Abração
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